Carta Aberta à Federação Portuguesa de Futebol
O desperdício e o impacto ambiental na venda de bebidas em garrafas de utilização única - Pequenos gestos que, sendo exemplo, fazem diferença! Menos pástico, mais consciência, melhor educação.
9/7/20244 min read


Carta Aberta à Federação Portuguesa de Futebol
Assunto: O desperdício e o impacto ambiental na venda de bebidas em garrafas de utilização única - Pequenos gestos que, sendo exemplo, fazem diferença! Menos pástico, mais consciência, melhor educação.
Exm.º Senhor Presidente da
Federação Portuguesa de Futebol,
Tomamos a iniciativa de remeter a V. Exa. esta missiva, em comunicação aberta e do conhecimento geral, com o objetivo de alargar a urgente necessidade de ampliar a consciência para as “pequenas” ações de impacto ambiental.
Permita-nos, primeiramente, que nos apresentamos: O Movimento de Intervenção Cívico (MIC) é uma recém-criada plataforma dedicada a promover a consciência coletiva e a ação direta em áreas de grande relevância social, com foco em temas como o ambiente, a saúde, a justiça e a educação. A nossa missão é mobilizar cidadãos e instituições a adotarem práticas que contribuam para um futuro mais sustentável e justo. Acreditamos que a partilha das experiências e das perspectivas, numa perspetiva colaborativa e construtiva é o caminho para uma sociedade inclusiva, em crescimento e com crescente maturidade democrática.
É com este propósito que dirigimos esta carta à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), uma entidade de grande impacto social, com a esperança de ver a FPF assumir um papel de liderança mais forte na questão ambiental.
Neste contexto e para o caso particular que aqui releva, partilhamos a experiência que se vivencia durante as provas desportivas ocorridas em estádios e complexos fechados.
Durante os jogos, a venda de garrafas de água de utilização única origina uma grave e incongruente prática de consciencialização ambiental. As garrafas vendidas são despejadas diretamente para copos de plástico personalizados e reutilizáveis que têm de ser adquiridos com um valor acrescido (ainda que reembolsável).
Apesar de compreendermos a necessidade de remover as tampas das garrafas por razões de segurança, a obrigatoriedade de comprar um copo reutilizável por cada garrafa levanta sérias preocupações sobre o verdadeiro impacto ambiental desta medida. Temos o desperdício direto e imediato de 1 tampa, 1 garrafa e 1 copo (cuja reutilização poderá ser contestada, sindicada e até auditada para efeitos do efetivo benefício que se pretende almejar, além do impacto ambiental da personalização dos mesmos).
O problema aqui reside na incoerência, no exemplo e no impacto ao nível dos consumos de recursos e o seu desperdício: enquanto o argumento de segurança para a remoção das tampas é válido, o processo de compra de copos reutilizáveis para o consumo imediato de água, com imediata inutilização das garrafas onde a água está acondicionada, resulta num desperdício evitável. A garrafa de plástico, mesmo que vertida no copo, é descartada, somando-se à já elevada produção de resíduos. Esta prática, que supostamente visa promover a sustentabilidade, acaba por gerar mais desperdício, tanto de plástico como de recursos na produção das garrafas e dos copos.
O benefício desejado, o serviço prestado, deve centrar-se no bem essencial “Água” e é esse o enfoque que devemos ter.
Instituições como a FPF, que têm um papel central na nossa sociedade, assumem uma responsabilidade acrescida, não só no desporto, mas também na educação e mobilização para causas maiores, como a sustentabilidade ambiental. A vossa influência abrange milhões de adeptos e pode efetivamente moldar comportamentos, promovendo uma utilização mais consciente e responsável dos recursos.
O uso inadequado e desnecessário de recursos, como embalagens descartáveis, tem um custo elevado para o planeta e, em última instância, para as pessoas. Como entidade com grande visibilidade, a FPF tem a oportunidade e o dever de liderar pelo exemplo, implementando soluções que realmente façam a diferença no combate ao desperdício.
Crentes na sensibilidade institucional e pessoal de V. Exa. e dos órgãos dirigentes, apelamos à reflexão e à busca de uma solução, um procedimento, que seja mais eficiente e mais adequado aos objetivos em causa.
Adiantamos, como mera sugestão ou bases de reflexão, a seguinte solução: Uma alternativa mais sustentável poderia ser a disponibilização de água filtrada em dispensadores a granel, permitindo a redução significativa do uso de garrafas descartáveis e copos reutilizáveis. Esta solução refletiria um verdadeiro compromisso ambiental, mostrando que a FPF está na vanguarda da responsabilidade ecológica e educando as gerações futuras sobre o consumo consciente.
Teríamos assim a prestação de um serviço seguro, com retorno na venda da água e redução de impacto ambiental.
Esta solução pode ser, certamente, melhorada, aprimorada e exponenciada pelas equipas e pessoas que junto da FPF vêm constantemente a implementar novas medidas com vista a adequar as necessidades de segurança, de conforto e de efetivação das funções sociais que recaem sobre a FPF.
A FPF tem, aqui, uma oportunidade de liderar esta mudança, demonstrando que o desporto não só une as pessoas, mas também pode ser uma força mobilizadora, de exemplo, na luta contra os desafios ambientais que todos enfrentamos.
Com os melhores cumprimentos,
Rui Maurício
Coordenador-Geral do Movimento de Intervenção Cívico
www.movimentocivico.eu | contacto@movimentocivico.eu
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